Amor é um livro - Sexo é esporte
Sexo é escolha - Amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela - Sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa - Sexo é poesia
O amor nos torna patéticos ´
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão - Sexo é pagão
Amor é latifúndio - Sexo é invasão
Amor é divino - Sexo é animal
Amor é bossa nova - Sexo é carnaval
Amor é para sempre - Sexo também
Sexo é do bom - Amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um - Sexo é dois
Sexo antes - Amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora
... na visão clarividente da rita lee e dedicado à rita n.
parabéns, minha querida amiga!
sexta-feira, julho 30, 2004
quinta-feira, julho 29, 2004
sábado, julho 24, 2004
ALICE NO PAÍS DOS MATRAQUILHOS
Mãe for a (em que avenida?)
olhos que a perseguem, pagam, comem
pai dentro, lambendo a ferida
com que o desemprego marca um homem
e o irmão na caserna
puxando às armas brilhos
e Alice no café
habitante do país dos matraquilhos
Na classe dos repetentes
hoje vai haver mais uma falta
Alice cerra os dentes
vendo a bola que no ar ressalta
quer lá saber do exame
quer lá saber da escola
aguenta no arame
matraquilho nunca cai ao ir à bola
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Há também Leonor
libertada da prisão há meses
dizem que é por amor
que olha tanto por Alice, às vezes
pousa-lhe a mão na cara
protege-a de sarilhos
Alice nem repara
Viajou para o país dos matraquilhos
E o irmão na caserna
cambaleia entre a cerveja e a passa
tem a sargento à perna
o tal que compara a guerra à caça
faz tempo que descobre
que é um matraquilho mais
soldadinho de cobre
matraquilho no país dos generais
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Quando se cai na lama
ninguém pára p’ra nos levantar
Alice! o pai reclama
a tu mãe não veio p’ra jantar
e os insultos, noite fora
desfia-os em chorrilhos
Alice nunca chora
adormece no país dos matraquilhos
E a mãe no “bar do amor”
passa as horas na conversa mole
espera o seu protector
e que o seu corpo a ela enfim se cole
não é que não recorde
os que deixou em casa
mais eis que chega o Ford
e dentro vem o seu pavão de anel na asa
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Entra então no café
um rapaz de capacete em punho
fica-se ali de pé
escreve num papel um gatafunho
e a Alice lê, surpresa
frases que são rastilhos
“Como vai Sua Alteza
a rainha do país dos matraquilhos?”
“E tu, ainda és rei?
Será que voltaste em meu auxilio?”
“A bem dizer, já não sei
há tantos anos que ando no exilio…”
“Vamos a um desafio?”
“Atira tu primeiro”
“A vida está por um fio
para quem é deste bairro prisioneiro”
O café que ali houve
é uma loja com ares de modernice
e nunca ninguém mais soube
(a não ser a Leonor) da Alice
“Aqui vai, Leonor
a foto dos meus dois filhos
se reparares melhor
têm pinta assim, sei lá, de matraquilhos”
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Sérgio Godinho
(1989)
olhos que a perseguem, pagam, comem
pai dentro, lambendo a ferida
com que o desemprego marca um homem
e o irmão na caserna
puxando às armas brilhos
e Alice no café
habitante do país dos matraquilhos
Na classe dos repetentes
hoje vai haver mais uma falta
Alice cerra os dentes
vendo a bola que no ar ressalta
quer lá saber do exame
quer lá saber da escola
aguenta no arame
matraquilho nunca cai ao ir à bola
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Há também Leonor
libertada da prisão há meses
dizem que é por amor
que olha tanto por Alice, às vezes
pousa-lhe a mão na cara
protege-a de sarilhos
Alice nem repara
Viajou para o país dos matraquilhos
E o irmão na caserna
cambaleia entre a cerveja e a passa
tem a sargento à perna
o tal que compara a guerra à caça
faz tempo que descobre
que é um matraquilho mais
soldadinho de cobre
matraquilho no país dos generais
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Quando se cai na lama
ninguém pára p’ra nos levantar
Alice! o pai reclama
a tu mãe não veio p’ra jantar
e os insultos, noite fora
desfia-os em chorrilhos
Alice nunca chora
adormece no país dos matraquilhos
E a mãe no “bar do amor”
passa as horas na conversa mole
espera o seu protector
e que o seu corpo a ela enfim se cole
não é que não recorde
os que deixou em casa
mais eis que chega o Ford
e dentro vem o seu pavão de anel na asa
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Entra então no café
um rapaz de capacete em punho
fica-se ali de pé
escreve num papel um gatafunho
e a Alice lê, surpresa
frases que são rastilhos
“Como vai Sua Alteza
a rainha do país dos matraquilhos?”
“E tu, ainda és rei?
Será que voltaste em meu auxilio?”
“A bem dizer, já não sei
há tantos anos que ando no exilio…”
“Vamos a um desafio?”
“Atira tu primeiro”
“A vida está por um fio
para quem é deste bairro prisioneiro”
O café que ali houve
é uma loja com ares de modernice
e nunca ninguém mais soube
(a não ser a Leonor) da Alice
“Aqui vai, Leonor
a foto dos meus dois filhos
se reparares melhor
têm pinta assim, sei lá, de matraquilhos”
Alice no país dos matraquilhos é mais
do que no bairro em que vive tem-te-não-cais
Sérgio Godinho
(1989)
carlos paredes
"Não sou um homem de espectáculo. Sou alguém que fala com as pessoas através da guitarra."
quarta-feira, julho 21, 2004
ai portugal, não te deixes assim vestir...
Consulados Exigem Documento "Vexatório" para Conceder Visto de Entrada
Por JOSÉ PINTO DE SÁ
O processo de concessão de vistos de entrada nos consulados-gerais de Portugal nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) há muito que suscita o descontentamento dos requerentes. Entre os documentos exigidos figura um termo de responsabilidade que já foi considerado "absurdo", "vexatório" e prejudicial ao bom relacionamento entre os povos.
Um cidadão dos PALOP que deseje deslocar-se a Portugal em visita turística deve apresentar, além do passaporte válido e da passagem aérea de ida e volta, um documento do seu local de trabalho comprovando que está empregado e que a autoridade patronal tem conhecimento que vai ausentar-se do país. Mas além destes procedimentos, não incomuns, tem ainda que anexar um termo de responsabilidade emitido por um cidadão português, acompanhado do atestado de residência deste, ambos com a assinatura reconhecida em notário.
Ainda assim, muitas pessoas queixam-se de que, depois de produzidos todos estes documentos, amiúde o visto é recusado sem motivo aparente. Só resta então apresentar um pedido de reapreciação do pedido de visto, com uma declaração garantindo que não pretende permanecer em Portugal e que tem familiares e emprego no seu país. Quaisquer explicações sobre uma eventual recusa de reapreciação são endossadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa.
A correr para o consulado-geral de Portugal em Maputo, na avenida Mao Tsé Tung, tem andado Sónia Chamba, moçambicana, casada e mãe de filhos, com emprego estável e registo criminal limpo. Durante dois anos juntou dinheiro para concretizar o sonho de umas férias em Portugal, incluindo uma saltada aos Açores. No continente, ficaria alojada em casa de uma prima cujo marido, cidadão português, se prontificou a redigir o termo de responsabilidade.
A 15 de Junho Sónia Chamba apresentou no consulado-geral todos os documentos exigidos, mas viu o seu pedido de visto indeferido. Quando procurou explicações, a funcionária disse-lhe apenas que o pedido fora recusado porque "a vinda a Portugal não tinha em vista a visita a nenhum familiar directo".
Sónia Chamba solicitou logo de seguida a reapreciação do seu pedido e o consulado informou-a que o processo seguiu para Lisboa, via fax, no dia 28 de Junho. No sentido de acompanhar o processo, o subscritor do termo de responsabilidade, José Mora Ramos, contactou o sector de vistos do MNE, em Lisboa, no dia 1 de Julho, mas foi informado que o pedido de reapreciação não chegara a Lisboa. Até ao fecho desta edição, ainda não obtivera resposta.
José Mora Ramos, investigador coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, não se conforma com todo este procedimento. Os seus protesto incidem primeiramente sobre o próprio termo de responsabilidade, cuja minuta reza: "Eu, (...), abaixo-assinado, de nacionalidade portuguesa, portador do BI (...) , declaro para os devidos efeitos que me responsabilizo pela estadia e alimentação de (...) (parente, amigo ou outro ), de nacionalidade (...) , residente em (...) , portador do passaporte (...) , durante o período até 90 dias em que tenciona permanecer em Portugal, bem como pelo seu repatriamento".
Mora Ramos entende que os termos do documento são "vexatórios para o cidadão moçambicano e absurdos para o cidadão português que o assina", como foi o seu caso. E refere que já teve que subscrever termos de responsabilidade semelhantes para "viabilizar" as férias em Portugal de outros amigos moçambicanos, incluindo professores universitários, empresários e até um dirigente da Federação Moçambicana de Futebol.
Conforme disse, actualmente "muitos moçambicanos que desejam vir a Portugal preferem fazer a sua entrada por outro país do espaço Schengen, para evitar o vexame" de ter que pedir a alguém que subscreva tal documento. José Mora Ramos, que visita frequentemente Moçambique, considera que a exigência do termo de responsabilidade causa "imenso mal estar" naquele país. Na sua opinião, "o efeito do dito papelote e a prática de relação" com os utentes negros no balcão consular em Maputo "sobrepõem-se a todas as manifestações públicas de boas relações entre países".
Revoltado, exprimiu o seu descontentamento numa carta ao secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. "Não lhe reconheço, a si nem a ninguém dos seus serviços, o direito de recusar a entrada no meu país a uma amiga minha, a menos que para tal invoque razões de Estado e dessas razões me informe devidamente", escreveu José Mora Ramos àquele membro do governo. Aguarda resposta.
in Público
Por JOSÉ PINTO DE SÁ
O processo de concessão de vistos de entrada nos consulados-gerais de Portugal nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) há muito que suscita o descontentamento dos requerentes. Entre os documentos exigidos figura um termo de responsabilidade que já foi considerado "absurdo", "vexatório" e prejudicial ao bom relacionamento entre os povos.
Um cidadão dos PALOP que deseje deslocar-se a Portugal em visita turística deve apresentar, além do passaporte válido e da passagem aérea de ida e volta, um documento do seu local de trabalho comprovando que está empregado e que a autoridade patronal tem conhecimento que vai ausentar-se do país. Mas além destes procedimentos, não incomuns, tem ainda que anexar um termo de responsabilidade emitido por um cidadão português, acompanhado do atestado de residência deste, ambos com a assinatura reconhecida em notário.
Ainda assim, muitas pessoas queixam-se de que, depois de produzidos todos estes documentos, amiúde o visto é recusado sem motivo aparente. Só resta então apresentar um pedido de reapreciação do pedido de visto, com uma declaração garantindo que não pretende permanecer em Portugal e que tem familiares e emprego no seu país. Quaisquer explicações sobre uma eventual recusa de reapreciação são endossadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa.
A correr para o consulado-geral de Portugal em Maputo, na avenida Mao Tsé Tung, tem andado Sónia Chamba, moçambicana, casada e mãe de filhos, com emprego estável e registo criminal limpo. Durante dois anos juntou dinheiro para concretizar o sonho de umas férias em Portugal, incluindo uma saltada aos Açores. No continente, ficaria alojada em casa de uma prima cujo marido, cidadão português, se prontificou a redigir o termo de responsabilidade.
A 15 de Junho Sónia Chamba apresentou no consulado-geral todos os documentos exigidos, mas viu o seu pedido de visto indeferido. Quando procurou explicações, a funcionária disse-lhe apenas que o pedido fora recusado porque "a vinda a Portugal não tinha em vista a visita a nenhum familiar directo".
Sónia Chamba solicitou logo de seguida a reapreciação do seu pedido e o consulado informou-a que o processo seguiu para Lisboa, via fax, no dia 28 de Junho. No sentido de acompanhar o processo, o subscritor do termo de responsabilidade, José Mora Ramos, contactou o sector de vistos do MNE, em Lisboa, no dia 1 de Julho, mas foi informado que o pedido de reapreciação não chegara a Lisboa. Até ao fecho desta edição, ainda não obtivera resposta.
José Mora Ramos, investigador coordenador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, não se conforma com todo este procedimento. Os seus protesto incidem primeiramente sobre o próprio termo de responsabilidade, cuja minuta reza: "Eu, (...), abaixo-assinado, de nacionalidade portuguesa, portador do BI (...) , declaro para os devidos efeitos que me responsabilizo pela estadia e alimentação de (...) (parente, amigo ou outro ), de nacionalidade (...) , residente em (...) , portador do passaporte (...) , durante o período até 90 dias em que tenciona permanecer em Portugal, bem como pelo seu repatriamento".
Mora Ramos entende que os termos do documento são "vexatórios para o cidadão moçambicano e absurdos para o cidadão português que o assina", como foi o seu caso. E refere que já teve que subscrever termos de responsabilidade semelhantes para "viabilizar" as férias em Portugal de outros amigos moçambicanos, incluindo professores universitários, empresários e até um dirigente da Federação Moçambicana de Futebol.
Conforme disse, actualmente "muitos moçambicanos que desejam vir a Portugal preferem fazer a sua entrada por outro país do espaço Schengen, para evitar o vexame" de ter que pedir a alguém que subscreva tal documento. José Mora Ramos, que visita frequentemente Moçambique, considera que a exigência do termo de responsabilidade causa "imenso mal estar" naquele país. Na sua opinião, "o efeito do dito papelote e a prática de relação" com os utentes negros no balcão consular em Maputo "sobrepõem-se a todas as manifestações públicas de boas relações entre países".
Revoltado, exprimiu o seu descontentamento numa carta ao secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. "Não lhe reconheço, a si nem a ninguém dos seus serviços, o direito de recusar a entrada no meu país a uma amiga minha, a menos que para tal invoque razões de Estado e dessas razões me informe devidamente", escreveu José Mora Ramos àquele membro do governo. Aguarda resposta.
in Público
domingo, julho 18, 2004
sexta-feira, julho 16, 2004
foda-se!
Luís Nobre Guedes é o novo ministro do Ambiente
que merda é esta, ó caralho?
(numa situação destas, o recurso a este tipo de expressões é, na minha opinião, perfeitamente justificável... isto antes que comecem para aí a dizer que eu ando desbragada. eu não sou desbragada. gosto mesmo é de dizer asneiras!)
que merda é esta, ó caralho?
(numa situação destas, o recurso a este tipo de expressões é, na minha opinião, perfeitamente justificável... isto antes que comecem para aí a dizer que eu ando desbragada. eu não sou desbragada. gosto mesmo é de dizer asneiras!)
casamento debaixo de chuva
juntamente com os amigos de alex e o segredos e mentiras, este é um dos meus filmes preferidos.
através dele consegui ver-me, pela primeira vez, noiva.
domingo, julho 11, 2004
ressaca
acho que continuo ressacada. de tudo: das quatro perguntas em duas horas e meia, dos apontamentos aflitos que li vezes sem conta; da tequilla do jantar, às vezes com sal, outras com limão, e finalmente sem nada; dos pulos ao som dos groove armada e dos taxi, da garrafa de cerveja que deixei cair no meio da pista; da boca seca, a saber a cartão e a vertigem dos movimentos repentinos, que o gurosan não curou; dos pães com presunto, queijo, fiambre, mortadela e manteiga, que completam a minha dieta de fim de semana, dos caracóis frios e moles de ontem à noite; até mesmo do dramatismo da voz da maria bethânia e dos episódios trágicos das minhas amigas.