cada vez há mais desempregados. todos os dias, leio nos jornais que esta empresa faliu, que aquela pretende rescindir os contratos, uma outra fábrica tentou fugir com as máquinas durante as férias das trabalhadoras. os piquetes, as comissões de trabalhadores. imagino o aperto no coração, as lágrimas, o desespero, a descrença nos sindocatos, o medo.
o mundo está à beira de uma pseudo-guerra mas creio que em portugal já ninguém lhe dá muita importância. a crise instalou-se, chegou o medo de ficar sem emprego, invadiu-nos o receio de perder a nossa dignidade, porque o trabalho é equivalente a dignidade . isso e consumir... mas agora os portugueses já não podem comprar carros, e por isso voltam-se para os electrodomésticos. são mais baratos e também têm motor... são um paliativo. nem imagino os portugueses sem consumir. é que estávamos tão habituados, não é? mas, de repente, chega o fantasma da crise, o espectro do desemprego e obrigam-nos a refrear o nosso vício consumista. olhamos tristes para as prateleiras nos hipermercados... bem que gostaríamos de de comprar aquela morcela, o vinho mais caro, os aperitivos, os enlatados de importação, exóticos, os livros e cds... mas não, temos que nos resumir ao produtos brancos, sem graça, sem marca, sem sinal de consumo, esteticamente feios... que pena. e os outros a falar da guerra. haja pachorra!