não tenho vindo muito aqui... não é que não sinta vontade. cada vez sinto mais vontade, às vezes dou por mim a ditar mentalmente aquilo que quero escrever aqui. coisas sem importância, simples, banais, como aquela mulher que atravessava a rua do alecrim, mesmo ao pé do largo do cauteleiro e que atravessava e era quase arrastada pelo presumível namorado... acho eu que era namorado... olhei para ela porque a voz era esganiçada, metálica, entrou-me pelos ouvidos adentro, sem pedir desculpa e fez eco. "jorge! jorge!" guinchava... não era bem guinchar... era uma voz que me pareceu ridícula, feia, desagradável, desapropriada... como ela... uma mulher baixa, com uma cara que não se memoriza, de cabelo castanho fino, sem vida, sem brilho, talvez sujo, talvez não... era atarracada e o que me pareceu mais ridículo foram as pernas, o rabo e os sapatos... o andar, no fundo... pulava em vez de caminhar... era arrastada pelo namorado pelo paralelepípedo da estrada e mesmo assim conseguia equilibrar-se numas calças de ganga demasiado justas para as pernas gordas, finalizados por umas botas baratas, pretas, talvez arrebitadas na ponta do pé, com um salto finíssimo que contrastava com as pernas curtas e gordas e com o rabo desproporcionado e também sufocado nas calças justas.
não é uma imagem bonita, mas bem que me apetecia escrevê-la mais do que descrevê-la.
também estou farta de não conseguir mudar de emprego.
e pronto.
agora vou ligar à minha irmã e informá-la sobre este blog... vai dar berrinhos.