Militares vão garantir segurança dos cariocas
Nos próximos dias, o Rio de Janeiro ficará com um ar mais bélico, algo parecido com Bogotá (Colômbia) ou Beirute (Líbano). Para conter a violência dos bandidos e traficantes de drogas, o Exército irá patrulhar as vias mais importantes da cidade. Serão utilizados tanques na «Linha Vermelha», que liga o Aeroporto Internacional ao centro, e na «Linha Amarela», que dá acesso a subúrbios.
Esta acção prova a insuficiência da polícia local para conter os actos de banditismo na cidade, como a disputa entre bandos durante a última Semana Santa, que fez 12 mortos, dois deles polícias.
Os militares - por falta de experiência em áreas urbanas - não deverão entrar nas favelas, mas deverão cercá-las de forma a impedir o tráfico de droga e a violência dos bandidos. Estes têm utilizado, nos últimos tempos, o sistema de organizar um grupo de veículos - «bonde do mal» - para ataques ou roubos. Com a presença do Exército, isso deverá ser interrompido.
De início, deverão ser utilizados 2000 homens da brigada de para-quedistas e, possivelmente, outros 2000 transferidos do interior do país, que estão a ser treinados para acções urbanas.
Segundo a Constituição, não cabe às Forças Armadas velar pela segurança interna do país, mas cada dia torna-se mais óbvio que terão de ser elas a agir, em benefício da segurança nacional.
Resultados de sondagens revelam que 62 por cento dos habitantes do Rio aprovam a participação dos militares no patrulhamento das ruas. Por outro lado, não há dúvidas de que o exército tem sido ineficaz na contenção da entrada de armas e drogas no País. O Brasil produz maconha, mas a cocaína vem de países como Bolívia, Paraguai e Colômbia e entra pelas fronteiras terrestres, insuficientemente patrulhadas pelo exército, que também não consegue impedir a entrada de armas contrabandeadas.
Peritos têm procurado descobrir as causas para a crescente violência das cidades brasileiras, em especial no Rio. Segundo dados recolhidos, por falta dum programa habitacional consistente, só resta aos pobres morar em favelas. É assustador para os brasileiros saberem que, de 1991 a 2000, a população nacional aumentou à média anual de 1,6 por cento e o número de habitantes das favelas subiu 4,32 por cento ao ano, o que prova que a população das favelas está a aumentar sem controlo por falta de recursos e de casas decentes para os pobres.
A economista Tânia Araújo considera que a situação decorre do facto de os governos terem dado prioridade ao pagamento das dívidas interna e externa do país e, em consequência, escassearem os recursos para o auxílio à pobreza, a criação de empregos, saneamento básico, habitação e saúde.
Diário de Notícias