Os Demónios de Alcácer Quibir
O D. Sebastião foi para Alcácer Quibir
de lança na mão, a investir, a investir,
com o cavalo atulhado de livros de história
e guitarras de fado para cantar vitória.
O D. Sebastião já tinha hipotecado
toda a nação por dez reis de mel coado
para comprar soldados, lanças, armaduras,
para comprar o V das vitórias futuras.
O D. Sebastião era um belo pedante
foi mandar vir para uma terra distante
pôs-se a discursar: isto aqui é só meu
vamos lá trabalhar que quem manda sou eu.
Mas o mouro é que conhecia o deserto
de trás para diante e de longe e de perto
o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa
o mouro é que jogava em casa.
E o D. Sebastião levou tantas na pinha
que ao voltar cá encontrou a vizinha
espanhola sentada na cama, deitada no trono
e o país mudado de dono.
E o D. Sebastião acabou na moirama
um bebé chorão sem regaço nem mama
a beber, a contar tim por tim tim
a explicar, a morrer, sim, mas devagar
E apanhou tal dose do tal nevoeiro
que a tuberculose o mandou para o galheiro
fez-se um funeral com princesas e reis
e etcetera e tal, Viva Portugal.
claro que esta letra magnífica é do sérgio godinho, do seu albúm De Pequenino é que se Torce o Destino, de 1972, se não me falha a memória...
é nestas alturas que dou graças a deus por ser portuguesa e poder entender estas letras... imaginem se fosse americana, ou húngara, ou chinesa? que tipo de mulher seria sem o sergio godinho, o fausto, o zeca, o chico buarque, o caetano, e todos os outros...???
porra! não entender nada da desfolhada portuguesa? não conhecer simone de oliveira???
... que pesadelo!