...escuto o manel a ressonar no quarto. tem um ronco leve, uma quase respiração funda que já não me incomoda. na primeira noite que dormimos no mesmo quarto (por sinal não era um quarto, mas sim uma sala) custei a adormecer. julgava ter um vulcão em plena erupção ao meu lado... ou então que os montes das estremadura espanhola era sacudidos por violentos tremores de terra. mas não: era apenas aquele homem que adormecera ao meu lado, enfiado num saco cama, com umas almofadas a fazer de colchão. dois dias depois ligou-me. deixou uma mensagem no telemóvel: "era para saber se esta noite já dormiste melhor...?".
nessa altura não me passava pela cabeça que, anos depois, os seus troares noturnos seriam para mim a mais doce canção de embalar.
boa noite...